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6 de jan. de 2012

O SERMÃO SOBRE O PERDÃO


Certa noite em Hipos, Jesus ensinou sobre o perdão, em resposta a uma pergunta de um discípulo. Disse o Mestre:

“Se um homem de bom coração tem cem ovelhas, e uma delas desvia-se, não deixa imediatamente as noventa e nove e sai em busca daquela que se desviou? E se for um bom pastor, não permanecerá em busca da ovelha perdida até encontrá-la? E então, quando o pastor tiver encontrado a sua ovelha perdida, ele a colocará nos ombros e, rejubilante, chamará os seus amigos e vizinhos, para ‘rejubilar-se comigo, pois eu encontrei minha ovelha que estava perdida’. Eu declaro que há mais alegria no céu por causa de um pecador que se arrepende, do que por causa de noventa e nove pessoas corretas que não precisam de arrependimento. E, mesmo assim, não é da vontade do meu Pai no céu que nenhuma dessas pequeninas se perca, e muito menos que elas pereçam. Na vossa religião, Deus pode receber os pecadores arrependidos; no evangelho do Reino, o Pai sai para encontrá-los, antes até mesmo de que eles pensem seriamente em arrependimento.

“O Pai do céu ama os seus filhos; e, portanto, deveríeis aprender a amar-vos uns aos outros; o Pai do céu perdoa os vossos pecados; e, portanto, deveríeis aprender a perdoar-vos uns aos outros. Se o vosso irmão peca contra vós, ide até ele e, com tato e paciência, mostrai a ele o seu erro. E fazei tudo isso apenas entre vós e ele, a sós. Se ele vos escutar, então conquistastes o vosso irmão. Mas se o vosso irmão não vos escutar, se ele persistir no caminho do erro, ide novamente a ele, levando convosco um ou dois amigos comuns, para que possais ter duas, ou mesmo três testemunhas, para confirmar o depoimento dele e estabelecer o fato de que vós tratastes com justiça e com misericórdia ao vosso irmão que vos ofendeu. E, ainda, se ele se recusa a ouvir os vossos irmãos, podeis contar o caso à fraternidade e, então, se ele se recusar a ouvir a congregação, deixai que tomem as providências que julgarem sábias; e deixai que esse membro, obstinado assim, se torne um pária deste reino. Se bem que não podeis pretender fazer o julgamento das almas dos vossos semelhantes, e, embora não possais perdoar pecados, nem presumir, de qualquer outro modo, usurpar as prerrogativas dos supervisores das hostes celestes, ao mesmo tempo, a vós foi confiado manterdes a ordem temporal deste reino da Terra. Apesar de não poderdes interferir nos decretos divinos que dizem respeito à vida eterna, ireis determinar as questões da conduta, no que disserem respeito ao bem-estar temporal da fraternidade na Terra. E assim, em todas essas questões ligadas à disciplina da irmandade, o que vós decretardes na Terra será reconhecido no céu. Embora não possais determinar o destino eterno do indivíduo, podeis legislar a respeito da conduta do grupo, pois, naquilo em que dois ou três de vós concordardes, a respeito de qualquer dessas coisas e perguntardes a mim, assim será feito para vós, se o vosso pedido não for incompatível com a vontade do meu Pai no céu. E tudo isso é, para sempre, a verdade, pois, naquilo em que dois ou três crentes estiverem juntos, lá eu estarei no meio deles”.

Simão Pedro era o apóstolo encarregado dos trabalhadores em Hipos e quando ouviu Jesus falar assim perguntou: “Senhor, quantas vezes o meu irmão pecará contra mim, e quantas eu devo perdoá-lo? Até sete vezes?” 

E Jesus respondeu a Pedro: “Não apenas sete vezes, mas mesmo até setenta e sete vezes. E, portanto, o Reino do céu pode ser comparado a um certo rei que ordenou uma verificação financeira das contas dos seus intendentes. E, quando começaram a fazer esse exame das contas, foi trazido diante dele um dos seus principais servidores, o qual confessava dever dez mil talentos ao seu rei. Ora, esse oficial da corte do rei argumentou que, havendo passado por tempos difíceis, não possuía com o que pagar a sua obrigação. Assim, o rei ordenou que a sua propriedade fosse confiscada, e que os seus filhos fossem vendidos para pagar o seu débito. Quando esse servidor ouviu essa dura sentença, ele caiu com o rosto no chão, diante do rei, implorando-lhe que tivesse misericórdia e que lhe concedesse mais tempo, dizendo: ‘Senhor, tem um pouco mais de paciência comigo, e eu te pagarei tudo’. E quando o rei olhou para esse servidor negligente e para a sua família, ficou comovido de compaixão. E ordenou que fosse liberado e que a sua dívida fosse totalmente perdoada.

“E esse importante servidor, tendo assim recebido a misericórdia e o perdão das mãos do rei, retornou aos seus afazeres. Depois disso, encontrando um dos seus subordinados que lhe devia a mera quantia de cem denários, aproximou-se dele e, pegando-o pelo pescoço, disse: ‘Paga tudo o que me deve’. E, então, esse servidor caiu aos pés do seu dirigente e, implorando-lhe, disse: ‘Tem só um pouco de paciência comigo, e em breve poderei pagar-te’. Mas o servidor dirigente não demonstrou misericórdia para com o seu companheiro servidor e, ao contrário, mandou-o para a prisão, até que pagasse o seu débito. Quando os companheiros servidores viram o que havia acontecido, ficaram tão aflitos que foram contar tudo ao senhor e mestre, o rei. Quando o rei ouviu sobre o que o seu servidor dirigente fizera, chamou esse homem ingrato e implacável diante de si e disse: ‘Tu és um servidor maldoso e indigno. 

Quando buscaste a compaixão, eu te perdoei graciosamente de toda a tua dívida. Por que tu não mostraste misericórdia também para com o teu companheiro servidor, do mesmo modo que mostrei misericórdia para contigo?’ E o rei ficou com tanta raiva que entregou o servidor ingrato aos soldados, para que eles o prendessem até que ele pagasse tudo o que devia. E, desse mesmo modo, o meu Pai celeste mostrará a mais abundante misericórdia para com aqueles que graciosamente demonstrarem misericórdia para com os seus semelhantes. Como podeis vós vir a Deus, pedindo consideração pelas vossas faltas, se tendes o hábito de castigar os vossos irmãos por serem culpados dessas mesmas fragilidades humanas? Eu digo a todos, dentre vós: graciosamente recebestes as boas coisas do Reino e, portanto, gratuitamente deveis dá-las aos vossos companheiros na Terra”.

Assim Jesus ensinou sobre os perigos, e ilustrou a injustiça que é fazer um julgamento pessoal do semelhante. 

A disciplina deve ser mantida, a justiça deve ser administrada, mas, em todas essas questões, a sabedoria da fraternidade deve prevalecer. Jesus investiu o grupo com autoridade legislativa e judiciária, não o indivíduo. E mesmo esse investimento de autoridade no grupo, não deve ser exercido com autoridade pessoal. 

Há sempre o perigo de que o veredicto dado por um indivíduo possa ser deformado pelo preconceito, ou distorcido pela paixão. O julgamento grupal é mais apropriado para remover tais perigos e eliminar as injustiças da propensão pessoal. Jesus buscou sempre minimizar os elementos de injustiça, de retaliação e de vingança.

[O uso da expressão setenta e sete como uma ilustração de misericórdia e clemência veio das escrituras; em uma referência à exultação de Lamec, por causa da arma de metal do seu filho Tubal-Caim. Ao comparar esses instrumentos superiores com os dos seus inimigos, exclamou: “Se Caim, sem nenhuma arma na sua mão, foi vingado sete vezes, eu serei agora setenta e sete vezes vingado”.]

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E você, já perdoou hoje?


Fonte: www.redeamigoespirita.com.br

http://despertardegaia.blogspot.com/

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